segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Ferries correm risco de afundar e contaminar mangue na Baía de Aratu

A baía de Aratu, como sempre, é uma baía vulnerável aos terríveis danos ambientais causados por indústrias petroquímicas e, como se não bastasse, as embarcações Monte Serrat e o Ipuaçu – que já transportaram milhares de passageiros no sistema ferryboat – apodrecem aos olhos de quem passa por ali.
Hoje, Cobertos por ferrugem, com dezenas de buracos no casco e atracados na Marina de Aratu, estão diante dos manguezais que contornam a Baía de Aratu e, duas figuras chamam a atenção. Há 15 anos no local, as embarcações correm o risco de naufragar e, para especialistas, é difícil até mensurar os danos ambientais para o ecossistema da região, caso os dois barcos, que já foram até leiloados pela Agerba, no segundo semestre do ano passado, afundem na Baía. Para quem trabalha diretamente com os ferries, o medo do naufrágio é constante.
Em dezembro, durante uma falta de energia, a bomba que lança a água do mar – que entra pelos inúmeros buracos dos cascos – para fora das embarcações parou de funcionar. Foram 20 horas sem luz. Ou seja: a água entrava e não saía. Se a falta de energia durasse mais quatro horas, segundo fontes ouvidas pela reportagem, os ferries poderiam ter afundado naquele dia.
O Jornal CORREIO entrou no Monte Serrat e no Ipuaçu que foram leiloados no segundo semestre do ano passado pela Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba). Apesar de terem mudado de dono e agora pertencerem a uma empresa privada, a situação não melhorou - aliás, piorou. Dentro dos ferries, há lixo acumulado, cadeiras antigas amontoadas e galões de óleo lubrificante sem proteção.
Ferry Monte Serrat está atracado na marina desde 2004
(Foto: Evandro Veiga/CORREIO)
Navio de 'durepóxi'
Nos últimos anos, o temor foi acalmado não por grandes reformas em estaleiros, mas por um elemento que muita gente tem dentro de casa: a resina epóxi. Foi com ela que os furos no casco dos ferries chegaram a ser cobertos. “Ou seja, com o chamado durepóxi mesmo”, esclarece, ao CORREIO, um dos engenheiros que denunciou a situação das embarcações, mas não quis se identificar. 
Cadeiras e lixo estão acumulados no interior dos navios
(Foto: Evandro Veiga/CORREIO)
O Ipuaçu está em condições melhores, ainda que dominado pela ferrugem. O Monte Serrat, por sua vez, parece mais agredido pelo tempo. No andar onde ficavam os passageiros, o piso já cedeu em alguns pontos. O encarregado Marcelo Timóteo, 61 anos, que foi designado para cuidar dos ferries há 11 anos, chegou a sofrer um acidente, certa vez.

“Fui buscar aquele balde ali, que está onde ficava o banheiro. Quando pisei, o buraco abriu. Tive que me segurar e fiquei pendurado”, conta o encarregado, apontando para um buraco de aproximadamente 40 centímetros de diâmetro no andar acima.

Agora, ele explica, ninguém mais pode subir lá. Mas esse acidente não foi o único. Enquanto levava a equipe do CORREIO até um outro buraco que se abrira no piso onde ficavam os carros, Marcelo viu o chão abrir devido a uma passada mais forte.
No meio do caminho, mais um buraco se formara. Do lado de fora, ele aponta para uma espécie de ‘faixa’ marrom no casco do navio: “Toda essa linha está comprometida”, alerta.
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